A juventude não deve calar diante da questão das drogas
Em referência às "novas" acusações feitas por um grupo de estudantes da UFRGS e que se dirigem, mais especificamente, ao DCE (Diretório Central dos Estudantes) da Universidade e ao PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), prestamos, NOVAMENTE, os seguintes esclarecimentos:
- O evento realizado no dia 7 de maio, que discutia a legalização da maconha, foi promovido por alguns estudantes da UFRGS que não têm qualquer tipo de ligação com o DCE ou com qualquer partido ou agremiação política.
- Dessa reunião constituiu-se um movimento chamado Princípio Ativo, que centra sua atuação na defesa dos direitos da pessoa usuária de drogas e no debate e construção de uma nova política de drogas para o Brasil. Esse movimento, iniciado por estudantes da UFRGS, já conta com pessoas de diversas áreas, assumindo uma formação bastante heterogênea e representativa da sociedade.
- O movimento Princípio Ativo é autônomo: depois da reunião do dia 7, outras 3 reuniões já foram realizadas, sendo que nenhuma delas ocorreu nas dependências da Universidade. Se a luta desse grupo de estudantes é pela retirada do DCE desse debate, essa luta não tem razão de ser, já que em nenhum momento o DCE esteve presente nas discussões.
- O movimento Princípio Ativo considera que a questão das drogas é uma das mais importantes questões que se colocam na atual realidade brasileira, pois tem implicações profundas em áreas como a segurança pública, a saúde pública, as liberdades individuais, a soberania nacional, entre outras. Ao contrário do que pensam os autores do panfleto "A juventude não precisa de drogas", acreditamos que o debate acerca desse tema deveria ser incentivado pelos estudantes que realmente se preocupam com os problemas sociais do seu país.
- O novo panfleto divulgado incorre em erros semelhantes aos já cometidos no panfleto anterior, ao não esboçar qualquer distinção entre uso não problemático de drogas e o seu abuso, ao desconsiderar os usos terapêuticos e medicinais da maconha e ao não distinguir drogas leves de drogas pesadas. Estes são pressupostos básicos para se estabelecer qualquer debate ou comunicação que envolva a questão das drogas. A não observação de tais pressupostos inviabiliza o aprofundamento na questão e leva a construções superficiais e errôneas como a que tenta induzir o leitor a associar o uso da maconha com destruição física. Diversas pesquisas comprovam não só que a substância não é responsável pela destruição física de nenhum ser humano como, ao contrário, apontam para seus usos medicinais no tratamento dos sintomas de uma série de doenças.
- É justamente porque "grandes multinacionais querem abraçar este filão de dinheiro" que a urgência do debate se torna mais evidente. Além das multinacionais, no entanto, existem outras forças envolvidas, ligadas a movimentos sociais, de defesa dos direitos humanos, de educação popular, de saúde pública e redução de danos, de combate à violência e às desigualdades sociais. Estas forças pretendem estimular a construção de um modelo de regulamentação que evite a constituição de monopólios de exploração da venda da maconha (seja o monopólio do narcotráfico, seja o das multinacionais).
- Ao contrário do que é afirmado no panfleto "A juventude não precisa de drogas" esta é, sim, uma luta dos trabalhadores e dos estudantes. São trabalhadores e estudantes que constituem o grupo dos usuários de drogas e que, diariamente, sofrem abusos e têm seus direitos desrespeitados pelas autoridades e pelas políticas repressivas que há muito já demonstraram seu fracasso (comprovado pelo constante crescimento dos índices de consumo de drogas). Além do mais, os organizadores da reunião do dia 7 de maio são todos estudantes da UFRGS e pesquisadores da questão das drogas, mais especificamente da maconha, de modo que tiveram toda a legitimidade para solicitar o espaço da Universidade para suas atividades e terão, caso assim desejem, toda a legitimidade para fazer nova solicitação nesse sentido. A estrutura da Universidade está disponível para que seus estudantes a utilizem em prol de suas pesquisas, interesses acadêmicos e lutas políticas oriundas dessas práticas.
- Cabe acrescentar que o movimento Princípio Ativo não se constituiu para afirmar que a juventude precisa de drogas, tampouco para incentivar o consumo e o tráfico dessas substâncias, mas para produzir reflexão e informação sobre o assunto, de forma embasada e não-preconceituosa.
Todos esses esclarecimentos já haviam sido feitos em anterior comunicado do movimento Princípio Ativo. Os autores do panfleto, ao insistirem com afirmações falsas e caluniosas, nada mais fazem do que pôr em risco a sua própria credibilidade perante a comunidade acadêmica.
Movimento Princípio Ativo - por uma nova política de drogas
principioativo.rs@gmail.com
Porto Alegre, 5 de julho de 2005
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